terça-feira, 29 de outubro de 2013

Maria Lamas à frente do seu tempo

Maria Lamas nasceu em Torres Novas, em 1893, estudou no Colégio Religioso Jesus, Maria e José, da vila torrejana, foi jornalista, escritora, tradutora, e ativista política, completando portanto este ano o 120º aniversário, se estivesse no meio de nós.

Mulher de personalidade invulgar, oriunda de família burguesa, cedo começou a estudar línguas, formação que lhe havia de possibilitar a tradução de livros como “Memórias de Adriano” de Marguerite Yourcenar. Viveu em Luanda, na altura em que o marido ali cumpria uma missão militar, e, divorciada, acompanhou sempre a educação das filhas.

Maria da Conceição Vassalo e Silva da Cunha Lamas já este ano foi homenageada pela câmara de Vila Nova de Famalicão, com as chamadas “Conferências de Primavera”, que se realizaram em junho, no Museu da Indústria Têxtil, com a participação de especialistas no estudo da vida e obra da escritora, provenientes de várias instituições académicas.

Foi colaboradora de vários jornais e revistas como “Correio da Manhã”, ”Época”, “O Século”, “A Capital”, “Diário de Lisboa”, “A Joaninha” e “A Voz”. Dirigiu “Modas e Bordados”, suplemento de “O Século” e teve como objetivos chegar às mulheres trabalhadoras, pelo que esteve ligada ao MUD, Movimento de Unidade Democrática e ao Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, com atividade política e cultural de grande destaque.

Depois de ter sido várias vezes presa pela PIDE, tendo passado quatro meses incomunicável, viu-se obrigada ao exíiio político, vivendo então sete anos em Paris, onde conheceu Marguerite Yourcenar, com regresso em 1969, aos 76 anos. Foi Presidente Honorária do Movimento Democrático das Mulheres e condecorada com a Ordem de Santiago e Espada e com a Ordem da Liberdade.

Servindo-se de alguns pseudónimos como Rosa Silvestre, são de destacar como títulos mais conhecidos da sua vasta obra, que vai da literatura infantil à etnologia e mitologia, “As Mulheres do Meu País”,  “A Mulher no Mundo” e “O Mundo dos Deuses e dos Heróis”.

Em Torres Novas foi atribuído o seu nome à Escola Industrial de Torres Novas, pelo cinquentenário da sua existência, passando então a designar-se Escola Secundária Maria Lamas.

                                                                                                       Messias Martinho

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